Domingo
de Ramos da Paixão do Senhor
Semana
Santa - 2ª Semana do Saltério
Prefácio
Próprio - Ofício dominical próprio
Cor:
Vermelha - Ano Litúrgico “A” – São Mateus
VERMELHO -
Simboliza o fogo purificador, o sangue e o martírio. Usada nas
missas de Pentecostes e santos mártires.
Antífona: Não
há Antífona. Após a procissão inicia-se a missa com a oração do
dia.
Oração
do Dia: Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um
exemplo de humildade, quisestes que o nosso salvador se fizesse homem
e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão
e ressuscitar com ele em sua glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
LEITURAS:
Benção
dos Ramos: Mateus 21,1-11
Bendito
o que vem em nome do Senhor!
Naquele
tempo, Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e
chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois
discípulos, dizendo-lhes: "Ide até o povoado que está ali na
frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela um
jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! Se alguém vos disser
alguma coisa, direis: 'O Senhor precisa deles, mas logo os
devolverá"'.
Isso
aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: "Dizei à
filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num
jumento, num jumentinho, num potro de jumenta".
Então
os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado.
Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre eles suas vestes,
e Jesus montou. A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo
caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam
pelo caminho.
As
multidões que iam na frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam:
"Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor!
Hosana no mais alto dos céus!" Quando Jesus entrou em Jerusalém
a cidade inteira se agitou, e diziam: "Quem é este homem?"
E as multidões respondiam: "Este é o profeta Jesus, de Nazaré
da Galiléia". - Palavra
da Salvação!
Primeira
Leitura: Isaías 50,4-7 Não
desviei meu rosto das bofetadas e cusparadas; sei que não serei
humilhado.
O
Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer
palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e
me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo.
O
Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás.
Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a
barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o
Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o
ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não
sairei humilhado. - Palavra do Senhor.
Comentando
a Liturgia: O movimento
profético do Segundo Isaías surtiu efeito junto ao povo oprimido no
exílio da Babilônia. Sua atuação se deu nos últimos anos do
exílio, ao redor de 550 a.C. Após um período de prostração e
desesperança, o povo vai recuperando o ânimo, especialmente com a
perspectiva da volta para a terra prometida. Os quatro cânticos do
Servo sofredor refletem o rosto dos exilados em seu processo de
construção da esperança. Nessa caminhada, Deus manifesta sua
presença amiga e consoladora.
O
texto de hoje corresponde aos primeiros versículos do terceiro canto
do Servo sofredor. São palavras portadoras de muita fé e confiança
em Deus. O Servo revela sua disposição de ouvir os apelos divinos e
demonstra ter consciência da missão especial que Deus lhe dá. É a
imagem do povo que não se sente abandonado, mas protegido e
conduzido pelo Senhor. Essa certeza o leva a manter a cabeça
erguida, resistir e perseverar mesmo no meio da incompreensão, das
injúrias e das agressões dos inimigos. Tem a profunda convicção
do socorro que vem de Deus. Por isso, tem a postura própria das
pessoas pacíficas, a ponto de oferecer as costas aos que batem e o
rosto aos que arrancam a barba.
O
povo sofredor, Servo de Deus, está firme e confiante; manifesta
total autonomia perante os poderosos que o oprimem. Essa situação
foi conquistada mediante a intervenção divina. Foi Deus quem abriu
os ouvidos do seu Servo amado a fim de que pudesse ouvi-lo numa
atitude de discípulo; foi Deus também quem lhe “deu a língua de
discípulo para que soubesse trazer ao cansado uma palavra de
conforto”. As pessoas servas de Deus, tanto ontem como hoje,
demonstram firmeza e determinação em profunda solidariedade com os
abatidos e cansados. Elas assumem, na liberdade e na confiança, a
missão de espalhar no meio do povo o fermento novo da justiça. Sua
fidelidade à missão alicerça-se na escuta atenta e renovada da
palavra de Deus “de manhã em manhã”.
Salmo:
21 (22) Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
Riem
de mim todos aqueles que me veem, torcem os lábios e sacodem a
cabeça: 'Ao Senhor se confiou, ele o liberte e agora o
salve, se é verdade que ele o ama!'
Cães
numerosos me rodeiam furiosos, e por um bando de malvados fui
cercado. Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu
posso contar todos os meus ossos. Eis que me olham e, ao ver-me,
se deleitam!
Eles
repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha
túnica.Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, ó
minha força, vinde logo em meu socorro!
Anunciarei
o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de
louvar-vos! Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe
louvores, glorificai-o, descendentes de Jacó, e respeitai-o
toda a raça de Israel!
Segunda
Leitura: Filipenses 2,6-11 Humilhou-se
a si mesmo; por isso, Deus o exaltou acima de tudo
Jesus
Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus
uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição
de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto
humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e
morte de cruz.
Por
isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima
de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu,
na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: "Jesus
Cristo é o Senhor", para a glória de Deus Pai. -
Palavra do Senhor.
Comentando
a Liturgia: Esse hino
cristológico, que Paulo insere em sua carta aos Filipenses, é uma
das primeiras formulações de fé das comunidades cristãs.
Constitui um caminho essencial da espiritualidade cristã. O caminho,
na verdade, é o próprio Jesus, que desceu livremente até o ponto
mais baixo, tornando-se o último. O rebaixamento (quênose) se dá
em quatro degraus: de sua divindade assume a condição humana,
torna-se escravo, sofre a morte e morte de cruz. Esvazia-se
totalmente de qualquer dignidade; reduz-se a nada.
Esse
processo de aniquilamento, que Jesus livremente aceitou, denuncia
toda espécie de poder. Renunciou não somente à sua condição
divina, mas também aos próprios direitos naturais de uma pessoa
comum. Como escravo, perdeu todas as possibilidades de defender-se
das acusações injustas e, por isso, foi condenado e morto como
“maldito”. Desse ponto mais baixo possível, é elevado pelo Pai
ao ponto mais alto. Por causa de sua obediência e humilhação até
as últimas consequências, foi exaltado por Deus, recebendo “o
nome que está acima de todo nome”.
O
rebaixamento de Jesus revela sua solidariedade radical com os últimos
da sociedade, com aquelas pessoas sem valor, desprezadas, excluídas
e descartadas. Conduziu sua vida não para a realização de seus
interesses próprios. Não veio em busca de honra e glória; veio,
sim, como servidor voluntário das pessoas necessitadas. Esse Jesus
que se fez escravo nos convida ao seu seguimento. É o nosso Mestre.
Ele é Deus e Senhor de todas as coisas. A ele dobramos nossos
joelhos e prestamos homenagem, juntamente com toda a criação.
Evangelho
segundo Mateus 26,14-27,66 Paixão
de Nosso Senhor Jesus Cristo
Naquele
tempo, um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com
os sumos sacerdotes e disse: "O que me dareis se vos entregar
Jesus?" Combinaram, então, trinta moedas de prata. E daí em
diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus.
Onde
queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?
No
primeiro dia da festa dos ázimos, os discípulos aproximaram-se de
Jesus e perguntaram: "Onde queres que façamos os preparativos
para comer a Páscoa?" Jesus respondeu: "Ide à cidade,
procurai certo homem e dizei-lhe: 'O Mestre manda dizer: o meu tempo
está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus
discípulos"'. Os discípulos fizeram como Jesus mandou e
prepararam a Páscoa.
Um
de vós vai me trair.
Ao
cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos.
Enquanto comiam, Jesus disse: "Em verdade eu vos digo, um de vós
vai me trair". Eles ficaram muito tristes e, um por um,
começaram a lhe perguntar: "Senhor, será que sou eu?"
Jesus respondeu: "Quem vai me trair é aquele que comigo põe a
mão no prato. O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura
a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem!
Seria melhor que nunca tivesse nascido!" Então Judas, o
traidor, perguntou: "Mestre, serei eu?" Jesus lhe
respondeu: "Tu o dizes".
Isto
é o meu corpo. Isto é o meu sangue.
Enquanto
comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção,
partiu-o, distribuiu-o aos discípulos, e disse: "Tomai e comei,
isto é o meu corpo". Em seguida, tomou um cálice, deu graças
e entregou-lhes, dizendo: "Bebei dele todos. Pois isto é o meu
sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos,
para remissão dos pecados. Eu vos digo: de hoje em diante não
beberei deste fruto da videira, até o dia em que, convosco, beberei
o vinho novo no Reino do meu Pai". Depois de terem cantado
salmos, foram para o monte das Oliveiras.
Ferirei
o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
Então
Jesus disse aos discípulos: "Esta noite, vós ficareis
decepcionados por minha causa. Pois assim diz a Escritura: 'Ferirei o
pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão'. Mas, depois de
ressuscitar, eu irei à vossa frente para a Galiléia". Disse
Pedro a Jesus: "Ainda que todos fiquem decepcionados por tua
causa, eu jamais ficarei". Jesus lhe declarou: "Em verdade
eu te digo, que, esta noite, antes que o galo cante, tu me negarás
três vezes". Pedro respondeu: "Ainda que eu tenha de
morrer contigo, mesmo assim não te negarei". E todos os
discípulos disseram a mesma coisa.
Começou
a ficar triste e angustiado.
Então
Jesus foi com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse:
"Sentai-vos aqui, enquanto eu vou até ali para rezar!"
Jesus levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, e começou a
ficar triste e angustiado. Então Jesus lhes disse: "Minha alma
está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo!" Jesus
foi um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto por terra e rezou:
"Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice.
Contudo, não seja feito como eu quero, mas sim como tu queres".
Voltando para junto dos discípulos, Jesus encontrou-os dormindo, e
disse a Pedro: "Vós não fostes capazes de fazer uma hora de
vigília comigo? Vigiai e rezai, para não cairdes em tentação;
pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca". Jesus se
afastou pela segunda vez e rezou: "Meu Pai, se este cálice não
pode passar sem que eu o beba, seja feita a tua vontade!" Ele
voltou de novo e encontrou os discípulos dormindo, porque seus olhos
estavam pesados de sono. Deixando-os, Jesus afastou-se e rezou pela
terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Então voltou para junto
dos discípulos e disse: "Agora podeis dormir e descansar. Eis
que chegou a hora e o Filho do Homem é entregue nas mãos dos
pecadores. 46Levantai-vos! Vamos! Aquele que me vai
trair, já está chegando".
Lançaram
as mãos sobre Jesus e o prenderam.
Jesus
ainda falava, quando veio Judas, um dos Doze, com uma grande multidão
armada de espadas e paus. Vinham a mandado dos sumos sacerdotes e dos
anciãos do povo. O traidor tinha combinado com eles um sinal,
dizendo: "Jesus é aquele que eu beijar; prendei-o!" Judas,
logo se aproximou de Jesus, dizendo: "Salve, Mestre!" E
beijou-o. Jesus lhe disse: "Amigo, a que vieste?" Então os
outros avançaram, lançaram as mãos sobre Jesus e o prenderam.
Nesse momento, um dos que estavam com Jesus estendeu a mão, puxou a
espada, e feriu o servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha.
Jesus, porém, lhe disse: "Guarda a espada na bainha! pois todos
os que usam a espada pela espada morrerão. Ou pensas que eu não
poderia recorrer ao meu Pai e ele me mandaria logo mais de doze
legiões de anjos? Então, como se cumpririam as Escrituras, que
dizem que isso deve acontecer?" E, naquela hora, Jesus disse à
multidão: "Vós viestes com espadas e paus para me prender,
como se eu fosse um assaltante. Todos os dias, no Templo, eu me
sentava para ensinar, e vós não me prendestes". Porém, tudo
isto aconteceu para se cumprir o que os profetas escreveram. Então
todos os discípulos, abandonando Jesus, fugiram.
Vereis
o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso.
Aqueles
que prenderam Jesus levaram-no à casa do Sumo Sacerdote Caifás,
onde estavam reunidos os mestres da Lei e os anciãos. Pedro seguiu
Jesus de longe até o pátio interno da casa do Sumo Sacerdote.
Entrou e sentou-se com os guardas para ver como terminaria tudo
aquilo. Ora, os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um
falso testemunho contra Jesus, a fim de condená-lo à morte. E nada
encontraram, embora se apresentassem muitas falsas testemunhas. Por
fim, vieram duas testemunhas, que afirmaram: "Este homem
declarou: 'posso destruir o Templo de Deus e construí-lo de novo em
três dias" Então o Sumo Sacerdote levantou-se e perguntou a
Jesus: "Nada tens a responder ao que estes testemunham contra
ti?" Jesus, porém, continuava calado. E o Sumo Sacerdote lhe
disse: "Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o
Messias, o Filho de Deus". Jesus respondeu: "Tu o dizes.
Além disso, eu vos digo que de agora em diante vereis o Filho do
Homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do
céu". Então o Sumo Sacerdote rasgou suas vestes e disse:
"Blasfemou! Que necessidade temos ainda de testemunhas? Pois
agora mesmo vós ouvistes a blasfêmia. Que vos parece?"
Responderam: "E réu de morte!" Então cuspiram no rosto de
Jesus e o esbofetearam. Outros lhe deram bordoadas, dizendo:
"Faze-nos uma profecia, Cristo, quem foi que te bateu?"
Antes
que o galo cante, tu me negarás três vezes.
Pedro
estava sentado fora, no pátio. Uma criada chegou perto dele e disse:
"Tu também estavas com Jesus, o Galileu!" Mas ele negou
diante de todos: "Não sei o que tu estás dizendo". E saiu
para a entrada do pátio. Então uma outra criada viu Pedro e disse
aos que estavam ali: "Este também estava com Jesus, o
Nazareno". Pedro negou outra vez, jurando: "Nem conheço
esse homem!"Pouco depois, os que estavam ali aproximaram-se de
Pedro e disseram: "É claro que tu também és um deles, pois o
teu modo de falar te denuncia". Pedro começou a maldizer e a
jurar, dizendo que não conhecia esse homem! E nesse instante o galo
cantou. Pedro se lembrou do que Jesus tinha dito: "Antes que o
galo cante, tu me negarás três vezes". E saindo dali, chorou
amargamente.
Entregaram
Jesus a Pilatos, o governador.
De
manhã cedo, todos os sumos sacerdotes e os anciãos do povo
convocaram um conselho contra Jesus, para condená-lo à morte. Eles
o amarraram, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador.
Não
é lícito colocá-las no tesouro porque é preço de sangue.
Então
Judas, o traidor, ao ver que Jesus fora condenado, ficou arrependido
e foi devolver as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos
anciãos, dizendo: "Pequei, entregando à morte um homem
inocente". Eles responderam: "O que temos nós com isso? O
problema é teu". Judas jogou as moedas no santuário, saiu e
foi se enforcar. Recolhendo as moedas, os sumos sacerdotes disseram:
"E contra a Lei colocá-las no tesouro do Templo, porque é
preço de sangue". Então discutiram em conselho e compraram com
elas o Campo do Oleiro, para aí fazer o cemitério dos estrangeiros.
É por isso que aquele campo até hoje é chamado de "Campo de
Sangue". Assim se cumpriu o que tinha dito o profeta Jeremias:
"Eles pegaram as trinta moedas de prata - preço do Precioso,
preço com que os filhos de Israel o avaliaram - e as deram em troca
do Campo do Oleiro, conforme o Senhor me ordenou!"
Tu
és o rei dos judeus?
Jesus
foi posto diante do governador, e este o interrogou: "Tu és o
rei dos judeus?" Jesus declarou: "É como dizes", e
nada respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos.
Então Pilatos perguntou: "Não estás ouvindo de quanta coisa
eles te acusam?" Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o
governador ficou muito impressionado. Na festa da Páscoa, o
governador costumava soltar o prisioneiro que a multidão quisesse.
Naquela ocasião, tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás.
Então Pilatos perguntou à multidão reunida: "Quem vós
quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus; a quem chamam de Cristo?"
Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja.
Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer
a ele: "Não te envolvas com esse justo! porque esta noite, em
sonho, sofri muito por causa dele". Porém, os sumos sacerdotes
e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem Barrabás e
que fizessem Jesus morrer. O governador tornou a perguntar: "Qual
dos dois quereis que eu solte?" Eles gritaram: "Barrabás".
Pilatos perguntou: "Que farei com Jesus, que chamam de Cristo?"
Todos gritaram: "Seja crucificado!" Pilatos falou: "Mas,
que mal ele fez?" Eles, porém, gritaram com mais força: "Seja
crucificado!" Pilatos viu que nada conseguia e que poderia haver
uma revolta. Então mandou trazer água, lavou as mãos diante da
multidão, e disse: "Eu não sou responsável pelo sangue deste
homem. Este é um problema vosso!" O povo todo respondeu: "Que
o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos". Então
Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e entregou-o para
ser crucificado.
Salve,
rei dos judeus! Em seguida, os soldados de Pilatos levaram
Jesus ao palácio do governador, e reuniram toda a tropa em volta
dele. Tiraram sua roupa e o vestiram com um manto vermelho; depois
teceram uma coroa de espinhos, puseram a coroa em sua cabeça, e uma
vara em sua mão direita. Então se ajoelharam diante de Jesus e
zombaram, dizendo: "Salve, rei dos judeus!" Cuspiram nele
e, pegando uma vara, bateram na sua cabeça. Depois de zombar dele,
tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias
roupas. Daí o levaram para crucificar.
Com
ele também crucificaram dois ladrões. Quando saíam,
encontraram um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, e o
obrigaram a carregar a cruz de Jesus. E chegaram a um lugar chamado
Gólgota, que quer dizer "lugar da caveira. Mi deram vinho
misturado com fel para Jesus beber. Ele provou, mas não quis beber.
Depois de o crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre si as
suas vestes. E ficaram ali sentados, montando guarda. Acima
da cabeça de Jesus puseram o motivo da sua condenação: "Este
é Jesus, o Rei dos Judeus". Com ele também crucificaram dois
ladrões, um à direita e outro à esquerda de Jesus.
Se
és o Filho de Deus, desce da cruz!
As
pessoas que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e
dizendo: "Tu que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em
três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da
cruz!" Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, junto com os mestres
da Lei e os anciãos, também zombavam de Jesus: "A outros
salvou... a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel... Desça
agora da cruz! e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre
agora, se é que Deus o ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de
Deus". Do mesmo modo, também os dois ladrões que foram
crucificados com Jesus, o insultavam.
Eli,
Eli, lamá sabactâni?
Desde
o meio-dia até as três horas da tarde, houve escuridão sobre toda
a terra. Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito: "Eli,
Eli, lamá sabactâni?", que quer dizer: "Meu Deus, meu
Deus, por que me abandonaste?" Alguns dos que ali estavam,
ouvindo-o, disseram: "Ele está chamando Elias!" E logo um
deles, correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre, colocou-a
na ponta de uma vara, e lhe deu para beber. Outros, porém, disseram:
"Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!" Então Jesus deu
outra vez um forte grito e entregou o espírito.
Aqui
todos se ajoelham e faz-se uma pausa.
E
eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas
partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. Os túmulos se
abriram e muito corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo dos
túmulos, depois da ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade
Santa e foram vistos por muitas pessoas. O oficial e os soldados que
estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que
havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: "Ele era
mesmo Filho de Deus!" Grande número de mulheres estava ali,
olhando de longe. Elas haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia,
prestando-lhe serviços. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria,
mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
José
colocou o corpo de Jesus em um túmulo novo.
Ao
entardecer, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que
também se tornara discípulo de Jesus. Ele foi procurar Pilatos e
pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe entregassem o
corpo. José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo, e o
colocou em um túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha. Em
seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e
retirou-se. Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas,
diante do sepulcro.
Tendes
uma guarda. Ide, guardai o sepulcro como melhor vos parecer.
No
dia seguinte, como era o dia depois da preparação para o sábado,
os sumos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos, e disseram:
"Senhor, nós nos lembramos de que quando este impostor ainda
estava vivo, disse: 'Depois de três dias eu ressuscitarei!'
Portanto, manda guardar o sepulcro até ao terceiro dia, para não
acontecer que os discípulos venham roubar o corpo e digam ao povo:
'Ele ressuscitou dos mortos!' pois essa última impostura seria pior
do que a primeira". Pilatos respondeu: "Tendes uma guarda.
Ide e guardai o sepulcro como melhor vos parecer". Então eles
foram reforçar a segurança do sepulcro: lacraram a pedra e montaram
guarda. - Palavra da Salvação.
Comentando
o Evangelho: Esse longo texto
nos introduz no clima espiritual da Semana Santa, quando acompanhamos
o processo de condenação e morte de Jesus. Ele é o Servo sofredor
por excelência, que, mesmo abandonado pelo seu grupo íntimo,
incompreendido e ultrajado, permanece fiel à sua missão.
O
processo envolve a traição de Judas, um dos doze. Ele negocia a
entrega de Jesus por 30 moedas, o valor de um escravo naquela época.
Apesar de Jesus conhecer a decisão que Judas tomou, e sabendo também
da tríplice negação de Pedro, não os exclui da ceia em que
institui a eucaristia, sinal de sua presença viva nas comunidades e
de sua plena doação pela vida do mundo. Judas vai arrepender-se de
seu ato, mas não consegue superar o remorso. Prefere dar fim à
vida. Diferente vai ser a atitude de Pedro, que, reconhecendo sua
covardia, se arrepende e “chora amargamente”.
O
relato ressalta a humanidade de Jesus em profundo sofrimento, no
lugar do Getsêmani. Na sua total solidão, derrama sua alma diante
do Pai, em quem pode confiar plenamente. Manifesta-lhe toda sua
fraqueza, pede-lhe socorro e dobra-se à vontade divina, mantendo-se
firme na decisão de concluir sua tarefa com todas as consequências.
Os discípulos, que deveriam vigiar com Jesus e apoiá-lo nessa hora
de extrema dor, preferem abandonar-se ao sono.
Jesus
passou a vida fazendo o bem, fiel à missão que recebera do Pai. Sua
fidelidade confronta-se com os grupos de poder, concentrados na
capital, Jerusalém. O grupo da elite religiosa pertencente ao
Sinédrio mantinha seu poder à custa da exploração do povo
empobrecido, legitimando suas posturas com interpretações
interesseiras da Sagrada Escritura. Apesar de anunciarem a vinda do
Messias, conforme as Escrituras, não podiam conceber que essa
promessa se cumpriria na figura de alguém despojado de poder e
solidário com os fracos e pequeninos. Não só isso: Jesus não
adotou a mesma maneira dos rabinos de interpretar a palavra de Deus e
toda a tradição de Israel. Seu lugar social era outro. E, por isso,
era outro o modo de conceber as coisas. Enquanto a teologia oficial,
com base no sistema de pureza, excluía da salvação as pessoas
“impuras”, Jesus revela aos “impuros” o seu amor prioritário
e oferece-lhes a salvação divina.
O
Sinédrio, a instância religiosa judaica central para julgamento das
pessoas suspeitas de crimes e de violações da Lei, procura achar um
motivo convincente para condenar Jesus. Após muitos falsos
depoimentos, apresentaram-se duas testemunhas (número mínimo
necessário para a condenação de uma pessoa suspeita) que, também
falsamente, depõem contra Jesus, dizendo que ele pregava a
destruição do Templo. Foi motivo suficiente: Jesus mexera com o que
havia de mais sagrado. Era por meio do Templo que o Sinédrio
alimentava o seu poder.
As
autoridades judaicas, porém, não tinham o poder de condenar uma
pessoa à morte. Por isso, Jesus é levado à instância política
ligada ao império romano. Pilatos é o seu representante. Nada
percebe em Jesus que possa condená-lo. Até sua mulher lhe manda
dizer que, em sonho (considerado o meio pelo qual Deus se manifesta),
lhe fora revelado que Jesus era uma pessoa justa. Enfim, o inocente
Jesus, por pressão da elite judaica, vai ser condenado. Pilatos lava
as mãos e, no lugar de Jesus, solta Barrabás, acusado de
assassinato.
A
partir daí, Jesus vai sofrer toda espécie de humilhação. É a
figura de um escravo sem defesa, entregue às mãos dos zombadores. É
desnudado, vestido com um manto vermelho, coroado de espinhos, com um
caniço em sua mão direita, e cuspido no rosto; enquanto lhe batem
na cabeça, é saudado como “rei dos judeus”, uma das acusações
que o levarão à condenação. Simão Cireneu é requisitado para
ajudar Jesus a carregar a cruz, pois ele se encontra muito
enfraquecido. Quando crucificado, lançam-lhe injúrias, pedindo-lhe
que salve a si próprio, já que anunciou a destruição do Templo,
outra acusação no seu julgamento.
Eis
o Servo na cruz, considerado “maldito de Deus”, conforme declara
o texto do Deuteronômio (21,23). Porém, em seu sofrimento e em sua
morte, paradoxalmente, manifesta-se a total solidariedade com os
sofredores e realiza-se a redenção da humanidade. O véu do Templo
se rasga de cima a baixo: o Santo dos Santos fica exposto. A morte de
Jesus “liberta” a Deus, aprisionado pelo sistema religioso
excludente. A morte de Jesus ressuscita os mortos. Sua morte resgata
a vida de todos. Nessa mesma hora, é reconhecido pelo centurião e
pelos guardas como “Filho de Deus”. (Celso Loraschi, Vida
Pastoral nº 277, Paulus)
INTENÇÕES
PARA O MÊS DE ABRIL:
Intenção
Universal: Ecologia e justiça - Para que os
governantes promovam o respeito pela criação e uma justa
distribuição dos bens e dos recursos naturais.
Intenção
para a Evangelização: Esperança
para quem sofre - Para
que o Senhor Ressuscitado encha de esperança o coração daqueles
que experimentam a dor e a doença.
TEMPO
LITÚRGICO:
Tempo
da Quaresma (CNBB-DL/2011): Vai da quarta-feira de Cinzas
até a missa da Ceia do Senhor, exclusive. É o tempo para preparar a
celebração da Páscoa. “Tanto na liturgia quanto na catequese
litúrgica esclareça-se melhor a dupla índole do tempo quaresmal
que, principalmente pela lembrança ou preparação do Batismo e pela
penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra
de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do
mistério pascal” (SC 109).
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Durante este tempo, é proibido ornar o altar com flores, o toque de
instrumentos musicais só é permitido para sustentar o canto.
Excetuam-se o Domingo Laetare (4º Domingo da Quaresma), bem como as
solenidades e festas.
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A cor do tempo é roxa. No Domingo Laetare, pode-se usar cor-de-rosa.
(IGMR nº308f)
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Em todas as Missas e Ofícios (onde se encontrar), omite-se o
Aleluia.
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Nas solenidades e festas somente, como ainda em celebrações
especiais, diz-se o Te Deum e o Glória.
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As memórias obrigatórias que ocorrem neste dia podem ser celebradas
como memórias facultativas. Não são permitidas missas votivas
(devoção particular).
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Na celebração do Matrimônio, seja dentro ou fora da Missa, deve-se
sempre dar a bênção nupcial; mas admoestem-se os esposos que se
abstenham de demasia pompa.
Cor
Litúrgica: ROXO - Simboliza a preparação, penitência ou
conversão. Usada nas missas da Quaresma e do Advento.
Fonte:
CNBB / Missal Cotidiano